Cinco anos depois de ter sido resgatado com queimaduras nas patas durante os incêndios que devastaram o Pantanal, em 2020, o macho Ousado segue sendo um dos grandes símbolos da resistência da fauna brasileira. Reconhecido por sua força e habilidade, ele continua reinando em seu território, na região de Porto Jofre, em Mato Grosso e ainda traz no pescoço o colar de monitoramento colocado por pesquisadores da Panthera Brasil.
O equipamento, do tipo GPS, foi instalado logo após o resgate para acompanhar a recuperação da onça e entender se ela permaneceria em sua área de origem ou seria forçada a migrar devido à destruição do habitat. O colar, programado para se desprender automaticamente em cerca de um ano, acabou não se soltando.
De acordo com a Panthera, a falha no mecanismo é rara, mas pode ocorrer em casos isolados. Como Ousado vive em uma área de difícil acesso e é um animal dominante, uma nova captura para retirada seria extremamente arriscada, tanto para os pesquisadores quanto para a própria onça.
“Ousado está em boas condições físicas e comportamentais, e o colar não causa nenhum dano aparente nem interfere nas atividades diárias”, informou a Panthera Brasil em comunicado. “Por questões de segurança, não é recomendada uma nova imobilização apenas para a retirada do equipamento.”
🐆 Um símbolo da recuperação do Pantanal
Ousado ficou conhecido em todo o país em 2020, quando foi encontrado com queimaduras nas quatro patas após tentar escapar das chamas que atingiram cerca de 30% do Pantanal naquele ano. Ele foi tratado por uma força-tarefa de biólogos e veterinários que atuaram em uma base emergencial montada em Poconé (MT), e devolvido à natureza dias depois, totalmente recuperado.
Desde então, passou a ser acompanhado por câmeras e registros de pesquisadores, que confirmaram seu retorno à vida selvagem. O felino retomou o comportamento natural e, segundo os especialistas, desenvolveu técnicas de caça ainda mais impressionantes, como a habilidade de atacar jacarés debaixo d’água, comportamento que o tornou uma lenda entre guias e fotógrafos de safáris pantaneiros.
🔍 A importância do monitoramento
O colar de GPS é uma ferramenta essencial em estudos de conservação de grandes felinos. Por meio dele, os cientistas conseguem mapear deslocamentos, padrões de caça e até interações entre diferentes onças, ajudando a identificar áreas prioritárias para preservação e corredores ecológicos.
No caso de Ousado, os dados coletados nos primeiros meses após o resgate foram fundamentais para entender como os incêndios afetaram o comportamento dos animais. “Ele mostrou que o Pantanal é resiliente e que, mesmo após um trauma dessa dimensão, a fauna pode se restabelecer se houver tempo e proteção”, diz a equipe da Panthera.

💚 Um ícone vivo da conservação
Hoje, Ousado é considerado um dos machos dominantes mais conhecidos do bioma. Sua história se tornou símbolo dos esforços de conservação no Pantanal, envolvendo instituições como Panthera Brasil, Instituto Pró-Carnívoros, WWF-Brasil e ICMBio.