A noite da despedida de William Bonner do Jornal Nacional, na última terça-feira (31), não foi apenas um marco histórico na televisão brasileira — também se transformou em um dos maiores momentos de faturamento do jornalismo da Globo nos últimos anos.

De acordo com informações do F5, a emissora arrecadou cerca de R$ 10 milhões com acordos publicitários exclusivos firmados especialmente para a ocasião.
Foram quatro grandes marcas que compraram cotas para exibir campanhas durante o telejornal: Amstel, McDonald’s, Nubank e Pilão.
Cada uma dessas empresas desembolsou cerca de R$ 2,5 milhões por inserção, valor cobrado sem descontos — algo incomum, mas justificado pela magnitude e caráter histórico do momento.
As negociações vinham sendo conduzidas desde setembro, quando Bonner anunciou oficialmente sua saída da bancada após quase três décadas de “boa noite” aos brasileiros.
Um evento televisivo de milhões na Globo
A estratégia comercial da Globo transformou a despedida em um verdadeiro evento midiático. A emissora ofereceu às marcas espaços premium e integração com o conteúdo jornalístico, gerando enorme repercussão nas redes sociais e no mercado publicitário.
Segundo executivos envolvidos, a Globo tratou a ocasião como um “especial de transição histórica” — semelhante ao que ocorre em finais de novelas de grande sucesso ou em coberturas de grandes eventos esportivos.
Audiência à altura da despedida no Jornal Nacional
E o público respondeu à altura. Dados prévios do Kantar Ibope Media, referentes à Grande São Paulo, mostram que o Jornal Nacional marcou 23 pontos de média, com picos de 24, audiência semelhante à de finais de novelas consagradas. Cada ponto equivale a 199 mil telespectadores na capital paulista.
Para comparação, o último capítulo da novela “Garota do Momento” (2024), um dos maiores sucessos recentes das seis, registrou 22 pontos — ou seja, o telejornal igualou a performance de uma grande produção de entretenimento da emissora.
O adeus de Bonner e o futuro
Com a despedida, Bonner encerra uma trajetória iniciada em 1º de abril de 1996, quando estreou na bancada ao lado de Lillian Witte Fibe. De lá para cá, foram mais de 10 mil edições e a cobertura de fatos que marcaram o país e o mundo — de eleições e Copas do Mundo a guerras e pandemias.


Agora, o jornalista não deixa a Globo, mas migra para o “Globo Repórter”, onde dividirá a apresentação com Sandra Annenberg. A estreia de Bonner no novo posto está prevista para março de 2026, em uma reportagem especial direto de Nova York, mostrando curiosidades e bastidores inéditos da cidade que nunca dorme.
Em seguida, ele será o responsável por uma edição do “Globo Repórter – Personalidades”, formato especial que retrata em profundidade figuras marcantes do Brasil e do mundo.
Sucessão no Jornal Nacional
A partir da próxima segunda-feira (3), César Tralli assume oficialmente a bancada do Jornal Nacional, ao lado de Renata Vasconcellos. O jornalista, que já vinha sendo preparado para a função desde 2020, foi escolhido pela emissora por seu perfil equilibrado e sua trajetória consolidada na Globo.
William Bonner deixa o Jornal Nacional como o apresentador mais longevo da história do telejornal, superando Cid Moreira, que comandou o noticiário entre 1969 e 1996.
Escrito por
Luiz Fábio Almeida
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]