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CPI aponta irregularidades e pede indiciamento de ex-prefeito por estacionamento rotativo

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Estacionamento Rotativo de Cuiabá concluiu que o contrato firmado entre a Prefeitura e a empresa CS Mobi apresenta graves irregularidades, compromete recursos públicos por três décadas e descumpre princípios legais e administrativos.

O relatório final propôs o indiciamento do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) por improbidade administrativa e falso testemunho, e do ex-secretário Francisco Vuolo por omissão em relação aos impactos do contrato sobre os pequenos comerciantes do Mercado Municipal Miguel Sutil.

Ex-prefeito Emanuel Pinheiro e ex-secretário Francisco Vuolo são indiciados por irregularidades em contrato bilionário do estacionamento rotativo em Cuiabá. (Foto: Emanoele Daiane)

Após 240 dias de investigação, que incluíram análise de documentos, oitivas e diligências, os vereadores identificaram falhas no planejamento, execução e fiscalização do contrato, assinado em 2022, que previa a revitalização do centro histórico, reconstrução do Mercado Municipal e implantação do estacionamento rotativo.

Contrato bilionário e uso irregular do FPM

O contrato tem duração de 30 anos e valor total estimado em R$ 654,9 milhões, podendo chegar a R$ 1,6 bilhão com reajustes anuais. A prefeitura paga mensalmente R$ 1,1 milhão à concessionária, que ainda poderá arrecadar cerca de R$ 351 milhões com receitas acessórias, como aluguéis e publicidade, sem repassar valores ao município.

Ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. (Crédito: Prefeitura de Cuiabá)

Um dos principais pontos levantados pela CPI é o uso do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como garantia do contrato, por meio do 1º Termo Aditivo assinado por Emanuel Pinheiro em fevereiro de 2024. Apesar de o ex-prefeito ter negado o vínculo durante depoimento, documentos apresentados à comissão comprovaram a utilização indevida do FPM, configurando descumprimento da lei e possível falso testemunho.

Falhas na fiscalização e estrutura insuficiente

A comissão apontou que o contrato ficou cerca de oito meses sem fiscalização adequada. Servidores designados para o acompanhamento admitiram desconhecimento da função ou a ausência de estrutura para fiscalizar todas as cláusulas.

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Ex-secretário municipal de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Francisco Vuolo. (Foto: Davi Valle)

A secretária de Mobilidade Urbana, Regivania Alves, reconheceu que a pasta conta apenas com dois fiscais, sem mecanismos eficazes para cobrar melhorias da empresa.

Pequenos comerciantes prejudicados

O relatório também trouxe denúncias de exclusão dos permissionários históricos do Mercado Miguel Sutil. O valor do aluguel do novo espaço, entre R$ 90 e R$ 110 por metro quadrado, somado à taxa de luva e altas taxas de condomínio, inviabiliza a permanência de artesãos e feirantes, contrariando o objetivo social da revitalização.

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Vereador Rafael Ranalli, presidente da CPI. (Foto: Antoniel Fontes)

Recomendações da CPI

Entre as principais recomendações estão:

  • revisão imediata do contrato;
  • abertura de nova CPI para apurar o processo licitatório;
  • criação de comissão de acompanhamento da execução contratual;
  • nomeação de fiscais qualificados;
  • transparência total na arrecadação do estacionamento;
  • garantia de retorno dos permissionários históricos; ampliação da tolerância nas vagas rotativas;
  • fortalecimento da ouvidoria e do controle social.

O relatório será encaminhado ao Ministério Público Estadual, à Controladoria-Geral do Município, à Procuradoria-Geral do Município, à Câmara Municipal e ao prefeito Abílio Brunini, que classificou o contrato como “uma das maiores lesões ao erário da história de Cuiabá”.

Em nota, a CS Mobi informou que recebeu com estranheza as declarações pontuadas pelos vereadores durante a CPI, e afirmou que o contrato está dentro da regularidade.

A Concessionária CS Mobi Cuiabá recebe com estranheza e lamenta profundamente as declarações públicas que nos acusam de “inadimplência” de R$ 700 mil referente à taxa de regulação. Essa acusação distorce a realidade dos fatos e a postura proativa da empresa.

A Empresa reitera que não se opõe ao pagamento da Taxa de Regulação e concorda com sua legalidade. O que a Concessionária tem consistentemente solicitado formalmente e em diversas ocasiões é que a própria Agência Reguladora apresente os cálculos e o procedimento oficial para efetuar o pagamento, etapas essenciais que são de sua responsabilidade e que, até o momento, não foram fornecidas.

Nossa postura ativa na busca por essa regularização e a necessidade dessas informações estão detalhadas no Ofício n° 177/2025, já encaminhado à Agência, em Agosto de 2025.

A CS Mobi Cuiabá reitera seu compromisso integral com a cidade de Cuiabá e com a execução de seus importantes projetos, como o estacionamento rotativo e as obras do Mercado Municipal Miguel Sutil. Prezamos pela prestação de serviços de qualidade e pela transparência em todas as nossas operações.

Permanecemos à disposição para o diálogo institucional construtivo a fim de resolver este impasse o mais breve possível, garantindo o bom andamento dos serviços e o cumprimento de todas as obrigações para a população.

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