Os povos originários Haliti-Paresi, Manoki e Nambikwara de Campo Novo do Parecis (MT) agora poderão cultivar de forma regularizada. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença para cultivo de lavoura mecanizada de soja e milho nas terras indígenas do maior chapadão agricultável do país. Os indígenas aguardavam a autorização há sete anos.
A licença de operação foi concedida após um processo de licenciamento ambiental que incluiu estudos e acordos do Ministério Público Federal e Fundação Nacional do Índio (Funai). A autorização permite que as comunidades acessem linhas de financiamento como o Plano Safra e evitam multas por embargos ambientais.
O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, nas redes sociais. O presidente da Associação Coopihanama, Arnaldo Zunizakae, disse que a iniciativa reconheceu a atividade realizada pelos indígenas.

“Para nós é motivo de orgulho, gratidão e reconhecimento pelo nosso trabalho. Nosso agradecimento ao Governo que entendeu a necessidade de termos além de terras demarcadas. Também precisamos trabalhar nessas terras de maneira justa e responsável para trazer dignidade e qualidade de vida à essa população que aqui mora, possibilitando a permanência deles aqui dentro”, explicou a liderança indígena.
Produção indígena
Indígenas do Chapadão do Parecis, maior chapadão agricultável do país, trabalham há mais de 15 anos com agricultura em larga escala. Em 2018, decidiram constituir uma sociedade cooperativa de produção agropecuária, a Associação Coopihanama composta pelos três povos originários do local: Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki.
Juntos, são mais de 80 aldeias que desenvolvem agricultura familiar, atividades produtivas diversas e cerca de 20 mil hectares de lavoura mecanizada, menos de 2% do território. Registros que constam no site da Associação afirmam que a sociedade já conseguiu produzir apenas em uma das safras mais de 400 mil sacas de soja e 150 mil sacas de feijão.
Com a regularização concedida pelo Ibama, os indígenas poderão continuar produzindo sem risco de multas e embargos nas terras.
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