Os incêndios, conhecidos com a nova “praga” dos canaviais, têm causado preocupação no setor da cana-de-açúcar. As queimas, criminosas ou acidentais, reduzem a produtividade e a qualidade das lavouras plantadas, além de afetar o desempenho da safra seguinte.
Nesse cenário, o engenheiro agrônomo e especialista agronômico sênior da Netafim Brasil, Daniel Pedroso, afirma que a irrigação não evita a queima da massa vegetal, mas minimiza os efeitos negativos deixados para o próximo ciclo de produção, protegendo a cultura e estimulando seu crescimento.
Segundo ele, após a queima, o proprietário tem duas alternativas — colher a cana ou roçar o canavial. No entanto, os incêndios que ocorrem principalmente em períodos de seca prolongada dificultam o rebrote e desenvolvimento das mudas, e é nesse contexto que a irrigação se torna essencial.
O acionamento do sistema irrigante proporciona a aspersão de água e insumos, e consequentemente dos nutrientes necessários para a estimulação plena do desenvolvimento da planta.

O agrônomo afirma que em uma unidade produtora, após a roçagem do canavial em julho, houve o ativamento do sistema de irrigação e obteve-se uma produtividade em TCH (Tonelada de Cana por Hectare) muito semelhante à de áreas não roçadas.
Medidas preventivas
A preparação prévia para incêndios criminosos ou acidentais é fundamental. Em sistemas de irrigação por gotejamento subsuperficial — que é fixo e não pode ser retirado da área —, é necessária a adoção de medidas preventivas já na instalação.
Nesse tipo de sistema, apenas os equipamentos presentes no campo de produção correm risco de danos, como os tubos gotejadores e válvulas. Os demais itens, como filtros e controladores, ficam fora das lavouras e não são danificados.
Pedroso orienta a proteção de válvulas por meio de caixas de concreto ou anilhas, e enterro a aproximadamente 30–35 cm de tubos gotejadores, para que não haja danos com o fogo.
Estimativa safra 2025/2026
A safra 2025/2026 na região Centro-Sul já está na fase final, e várias usinas devem finalizar a colheita em outubro.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima uma produção de 668,8 milhões de toneladas, uma queda de 1,2% em relação à safra anterior. Redução atribuída principalmente à diminuição da produtividade, com redução do índice de TCH (Tonelada de Cana por Hectare) e dos Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), devido aos impactos de fenômenos climáticos, como seca e incêndios.