THIAGO NOVAES
DO REPÓRTERMT
Três pessoas estão internadas em Mato Grosso com suspeita de intoxicação por metanol, substância presente em bebidas alcoólicas adulteradas. A informação consta no Painel de Monitoramento Intoxicação por Suspeita de Metanol da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), atualizada na manhã de sexta-feira (24).
Além dos casos suspeitos, um paciente, que teve a contaminação confirmada, também segue internado. Ao todo, já são sete casos notificados no estado.
Entre os pacientes internados está o empresário Igor Thomae, de 27 anos, de Água Boa. Ele afirmou ter perdido a visão após ingerir uísque comprado na cidade. O jovem foi internado no Hospital Regional Paulo Alemão no dia 16 de outubro, mas até o momento não há confirmação laboratorial de intoxicação por metanol. O quadro clínico apresentado era compatível com intoxicação exógena e o rapaz recebeu suporte terapêutico e monitoramento clínico.
Após estabilização do quadro clínico e diante de outros sintomas que necessitavam investigação complementar, no último sábado (18), o paciente solicitou alta e foi orientado quanto à necessidade de acompanhamento médico especializado e realização de novos exames em outro serviço de saúde de referência.
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Outros dois pacientes estavam internados com suspeita de contaminação são de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Um dos pacientes é um homem de 30 anos, que está internado no Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG). Outro paciente de 40 anos que estava internado não resistiu aos ferimentos e morreu na noite de sexta-feira (24), na unidade de saúde.
Segundo informações da secretaria, o paciente, morador do bairro Jardim Primavera, chegou à unidade de saúde na noite de terça-feira (22), por volta das 22h, com quadro de confusão mental e um ferimento na cabeça, possivelmente causado por uma briga. Familiares relataram que ele havia ingerido bebida alcoólica de procedência desconhecida antes de começar a sentir fortes dores de cabeça e apresentar sinais de desorientação.
Durante o atendimento, o homem evoluiu rapidamente para um quadro de falência renal aguda, dificuldade respiratória intensa (gasping) e sangramento nasal, sendo necessário o uso de hemodiálise, intubação orotraqueal e do antídoto fomepizol, utilizado em casos de envenenamento por metanol. Apesar dos esforços da equipe médica, ele não resistiu e morreu na tarde de sexta-feira (24).
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) aguarda o resultado oficial dos exames para confirmação.
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Em relação ao caso confirmado, a vítima é um jovem de 24 anos, que ingeriu uísque sem procedência durante uma confraternização no Parque do Lago, no dia 12 de outubro. No dia seguinte, ele apresentou os primeiros sintomas da ingestão da substância, mas só procurou ajuda médica na última quinta-feira (16).
Durante o atendimento, o jovem relatou estar com visão turva, confusão mental, dor abdominal, sonolência, lentidão e vômitos. Ele foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da UPA e depois transferido para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). O paciente não corre risco de morte, mas apresentou lesão ocular irreversível, com inflamação do nervo óptico, que causou cegueira, uma das complicações mais graves decorrentes da exposição.
A Vigilância Epidemiológica do município realizou a coleta de sangue do rapaz para análise laboratorial e na quarta-feira (22), o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Mato Grosso (CIEVS-MT) confirmou a intoxicação.
Além desses, um outro caso suspeito envolve uma jovem de 18 anos, de Cuiabá, que apresentou sintomas após ingestão de bebida suspeita. Entretanto, ela recebeu alta hospitalar na quinta-feira (23), após avaliação oftalmológica e tratamento adequado para o seu quadro clínico. O caso segue em investigação aguardando resultado laboratorial oficial.
Outros dois casos notificados já foram descartados. Em Sorriso, um caso envolvendo um homem de 30 anos foi descartado após resultado negativo do exame laboratorial. Já o outro caso, envolvendo uma mulher, de 38 anos, notificada em Peixoto de Azevedo, foi descartado pela vigilância sanitária.
Metanol: ameaça à saúde pública
O metanol é utilizado na indústria como solvente, combustível ou componente de produtos de limpeza. Mesmo em pequenas quantidades, sua ingestão pode causar danos neurológicos, hepáticos e visuais severos, podendo evoluir para cegueira permanente ou óbito.
Ele é comumente usado para adulterar combustíveis e identificado como um produto químico, motivo pelo qual não pode ser adicionado a nenhum tipo de bebida. Devido ao risco que a substância pode representar à saúde pública, a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estabeleceu uma regulamentação rígida, que determina o registro obrigatório para a movimentação e o armazenamento do produto.
Conforme a Vigilância Sanitária de Várzea Grande, bebidas com preço muito abaixo do mercado, sem rótulo registrado no Ministério da Agricultura ou sem lacre de fábrica, podem conter metanol ou demais substância que oferecem risco à saúde.
