Uma situação incomum mobilizou a equipe de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, neste domingo. Uma mulher, que acompanhava uma paciente real, solicitou auxílio médico para um bebê reborn – bonecos artesanais conhecidos por sua aparência extremamente realista.
De acordo com relatos, a mulher se dirigiu a uma enfermeira alegando que o “bebê” estava com sintomas gripais. Diante da insistência, a equipe de pediatria foi acionada para examinar a suposta criança. Foi nesse momento que os profissionais identificaram que se tratava, na verdade, de um boneco.
A administração da unidade de saúde confirmou que o atendimento foi negado. A justificativa dada à mulher foi a de que a unidade “só pode prestar assistência a pacientes com registro civil e cartão do SUS”.
Testemunhas relataram que a mulher deixou o local visivelmente aborrecida com a decisão. Em nota oficial, a Superintendência das UPAs de Várzea Grande reforçou que o foco do serviço deve ser “pacientes que genuinamente necessitam de cuidados médicos”, a fim de não comprometer o atendimento ao público.
Em maio deste ano, o deputado estadual Wilson Santos (PSD) apresentou projeto de lei para instituir um programa de atenção à saúde mental para pessoas que manifestam vínculos afetivos com “bebês reborn”. O projeto propõe a proibição de atendimentos clínicos, ambulatoriais ou hospitalares a bonecos “reborn” nas unidades de saúde públicas ou conveniadas ao SUS. Por outro lado, a criação de um programa de saúde mental visa identificar e acolher essas pessoas, oferecendo diagnóstico psicológico e psiquiátrico, tratamento terapêutico, acompanhamento psicossocial e a prevenção do uso inadequado da rede pública em situações que envolvam confusão entre o simbólico e o real.
No mesmo mês, em Cuiabá, o vereador Rafael Ranalli (PL) apresentou um projeto de lei que proíbe o atendimento, triagem ou qualquer forma de acolhimento médico-hospitalar a bonecas do tipo “bebê reborn” ou objetos inanimados similares nas unidades de saúde do município. A proposta seria para coibir a utilização da estrutura pública para fins que não envolvam pacientes reais.