No Pantanal, um registro intrigante chamou atenção de fotógrafos e pesquisadores da vida selvagem. Nas imagens, duas onças-pintadas se encaram às margens de um rio: a fêmea rosna, avança e recua, enquanto o macho observa em silêncio.
À primeira vista, parece uma cena de cortejo. Mas, segundo o fotógrafo François (@wildlife_by_francois), trata-se de um comportamento engenhoso e raro de se ver.
A fêmea, identificada como Medrosa, pode já ter filhotes. O que ela faz é simular um cio, em um fenômeno conhecido pelos pesquisadores como “pseudo-estro”. Veja abaixo no vídeo:
Nesse ritual, a fêmea demonstra sinais de fertilidade mesmo sem estar pronta para acasalar. O objetivo é acalmar o macho e distraí-lo, evitando que ele ataque os filhotes, algo comum entre grandes felinos quando um novo macho se aproxima.
“É uma estratégia engenhosa onde a fêmea mostra sinais de calor mesmo que não seja fértil, geralmente para distrair ou acalmar um macho, muitas vezes para proteger seus filhotes do infanticídio”, explicou François na publicação.
O comportamento mistura instinto, dominação e maternidade, um jogo delicado de sobrevivência. Enquanto rosna e demonstra força, a fêmea impõe limites, testa a paciência do macho e garante tempo para manter os filhotes seguros.
Pesquisadores explicam que esse tipo de interação é comum em espécies que vivem em áreas amplas, como o Pantanal, onde os encontros entre onças adultas são raros e, muitas vezes, tensos. O “pseudo-estro” é uma forma de comunicação natural que reduz o risco de confrontos fatais e preserva o equilíbrio da população selvagem.
A cena, captada por François, revela o lado menos óbvio da vida selvagem: por trás da força e da beleza das onças, há inteligência, estratégia e emoção, em um constante jogo de poder e sobrevivência.