Vinte milhões de toneladas de grãos. Esse foi o total de carga movimentada nos portos hidroviários da Amazônia, de janeiro a julho deste ano, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) Boa parte dele por quatro grandes rios: Amazonas, Pará, Tocantins e Tapajós. Hoje, o Arco Norte já responde por 35% das exportações de soja e 46% de milho.
Os números reforçam que as hidrovias tem ganhado protagonismo na exportação de soja e milho, apesar de ainda perderem espaço para as rodovias que representam 65% do escoamento.
O Arco Norte é uma estratégia de logística com uso de portos marítimos que visa auxiliar no escoamento da safra de Estados do centro do país, como Mato Grosso. A iniciativa tem o objetivo de ampliar a competitividade do Brasil nas negociações do exterior.
De acordo com a assessora da Comissão de Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisângela Pereira Lopes, as rotas hidroviárias reduziram distâncias, custos e colocaram o Arco Norte como novo corredor de exportação do agronegócio brasileiro.
“Nos Estados Unidos, eles utilizam o Rio Mississippi de forma muito intensa. Quando você sai de Mato Grosso por caminhão até a China, o custo do frete é de 126 dólares por tonelada. Saindo pelos Estados Unidos, usando o Mississippi, esse custo cai pra 67 dólares por tonelada.”
Dados do Governo Federal dão conta de que o Brasil tem 43 mil quilômetros de rios navegáveis, mas ainda utiliza só metade da capacidade. Mesmo assim, em 16 anos, o transporte hidroviário no Brasil passou de sete para 50 milhões de toneladas por ano.
Hoje, os rios Madeira, Tapajós e Tocantins são os principais corredores de grãos até os portos. O aumento no uso dos rios beneficiou o agronegócio, pelo baixo custo e melhor rentabilidade ao produtor, mas ainda faltam investimentos no setor.
“Faltam investimentos em sinalização, dragagem e balizamento. Pra nós é importantíssimo o investimento porque se frete rodoviário custar R$ 100, o hidroviário hoje custa 42% desse valor”, afirma.
Mato Grosso
A maior hidrovia de Mato Grosso é a Paraguai – Paraná. Com mais de 1,6 mil quilômetros de extensão, ela é dividida em dois eixos: de Cáceres-MT a Corumbá – MS, denominado Tramo Norte; e outro que segue até a fronteira do Brasil com o Paraguai, denominado Tramo Sul.
Mesmo sendo navegável, o rio ainda é subutilizado segundo o economista Vivaldo Lopes. A alternativa do Estado tem sido conduzir a carga até as hidrovias do Arco Norte.
Para o profissional, ampliar o uso das hidrovias aumentaria a competitividade e geraria mais empregos. “A melhoria na infraestrutura logística, especialmente a hidroviária, aumenta a geração de emprego e renda. Mato Grosso ainda usa pouco o seu potencial hidroviário, mas esse é o caminho para reduzir custos e fortalecer o agronegócio”, destaca.
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