O mercado de tilápia na Europa e nos Estados Unidos foi tema de uma pesquisa realizada pela Embrapa, com apoio da Peixe BR (Associação Brasileira da Piscicultura). O estudo indicou oportunidades e desafios para os produtores do peixe mais produzido e exportado pelo país.
Mesmo com a alta no mercado, os produtores devem se atentar às questões naturais do Brasil, como qualidade da água e disponibilidade de áreas que podem ser incluídas na produção.
As exportações para a Europa apresentaram um aumento visível, com valorização dos produtos frescos. Além disso, houve elevação nos preços da tilápia chinesa, após o aumento nos custos de ração e transporte.
Por outro lado, o consumo do peixe ainda enfrenta desafios. Na Europa, o consumo médio é de apenas 39 gramas por pessoa ao ano, com exceção da Bélgica, onde chega a 147 gramas por habitante. Já nos Estados Unidos, o consumo médio anual por pessoa é de 460 gramas, impulsionado pela popularidade do nicho gourmet.
“A tilápia é um produto consumido de maneira ampla, mas no caso da Europa o consumo é bem mais limitado, sendo focado nos nichos de mercados étnicos e produtos congelados com preços reduzidos, de acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura.
Nos Estados Unidos, a tilápia foi a segunda espécie de peixe mais importada em 2024, de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Com as tarifas impostas pelo governo do país, o impacto negativo nas exportações brasileiras para os Estados Unidos era esperado. Apesar das taxas, a repercussão foi menor do que o projetado.
Os dados de agosto de 2025, primeiro mês com a aplicação das tarifas, indicaram queda de 32% em toneladas nas exportações em comparação com agosto de 2024.
“Especialistas do setor esperavam uma queda maior e esse resultado mostra que o setor continua presente no mercado norte-americano, mesmo no cenário atual”, explica o pesquisador.
Benefícios e oportunidades
Segundo a pesquisa da Embrapa, os exportadores brasileiros podem se beneficiar da boa reputação do filé fresco de tilápia do Brasil e aproveitar a grande oferta de voos para diversos países da Europa, tendo em vista que o transporte aéreo é essencial para produtos frescos.
A tilápia brasileira também tem vantagem no mercado devido ao aumento dos preços da tilápia chinesa, que subiram com a alta nos custos de ração e transporte na China.
Outra iniciativa que pode trazer retorno é investir em estratégias de diferenciação que destaquem a qualidade do produto nacional. Na exportação, também existe a necessidade de abertura de novos mercados, além dos nichos tradicionais, para competir com outras espécies que têm filés brancos.
O mercado estadunidense demonstra valorização da tilápia brasileira em nichos premium pela qualidade do produto, pela crescente demanda por rastreabilidade e pela queda na oferta de tilápia da China e de alguns países da América Central. Também há destaque para o segmento de tilápia congelada e para a agregação de valor em produtos como novos cortes, empanados, tilápia vermelha e embalagens prontas para consumo.
Desvantagens
Na Europa, os desafios envolvem tornar a tilápia mais conhecida por meio de ações de comunicação e marketing voltadas a diferentes públicos, além da participação em eventos relevantes sobre peixes. Também é necessário estabelecer preços competitivos e apostar na qualidade como diferencial em relação a outras espécies de carne branca.
Já no mercado dos Estados Unidos, os obstáculos para os produtores brasileiros incluem o aumento das tarifas de exportação, a necessidade de redução de preços para manter a competitividade, a logística para envio de produtos frescos e a exigência de certificações internacionais.
Mesmo diante das tarifas e dos desafios de mercado, o estudo conclui que o Brasil tem condições de se consolidar como referência global em produção de tilápia de qualidade, unindo sustentabilidade e rastreabilidade com o potencial competitivo.