Um vídeo publicado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Mato Grosso mostra o cenário crítico causado pela Usina Hidrelétrica de Colíder (MT). A usina fica no Rio Teles Pires, onde já existem as usinas Sinop e São Manoel. Apesar de ter menos de 10 anos desde a construção, a estrutura já apresenta problemas graves, segundo o movimento.
Segundo o coordenador do MBA-MT, Jefferson Nascimento, o cenário atual é de forte degradação ambiental. “Hoje aqui é um cenário de bastante catástrofe mesmo, que essa operação da hidrelétrica tem feito agora com esse rebaixamento do reservatório. As comunidades pesqueiras, ribeirinhas e urbanas estão bastante apreensivas com o desfecho dessa história toda. Há uma possibilidade de rompimento, mas também um impacto imenso já acontecendo”, disse.

Jefferson criticou a ausência de monitoramento e fiscalização eficaz por parte dos órgãos ambientais. Segundo ele, desde a construção da hidrelétrica, a região já enfrentava problemas como desbarrancamento, morte de trabalhadores e protestos por más condições de trabalho.
Os impactos também preocupam as comunidades indígenas da etnia Munduruku, que vivem em áreas próximas ao curso do rio. O esvaziamento do reservatório tem provocado flutuações diárias no nível da água, afetando a rotina e aumentando o medo de um possível rompimento.
“O nível do reservatório baixou demais nessas últimas semanas e se formaram várias poças com muitos peixes, principalmente pequenos, que servem de alimentação para os maiores. Isso mostra o impacto profundo na vida aquática”, explicou.
Veja trecho abaixo:
O MBA cobra responsabilidade dos empreendedores e ações concretas do poder público, incluindo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) e o governo federal, para conter os danos e garantir a segurança das comunidades.
Veja o vídeo completo abaixo:
O que diz a empresa responsável?
A Eletrobras emitiu uma nota afirmando que na última semana de setembro, finalizou uma importante fase de diagnóstico técnico na usina, conduzida desde a detecção de anomalias no funcionamento de alguns dos drenos do empreendimento.
Destacou que neste mês de outubro, será realizado uma intervenção nos drenos para preenchimento de vazios com argamassa coloidal, material sem restrição à segurança da população e do meio
ambiente.
Leia a nota na íntegra:
A Eletrobras finalizou, na última semana, uma importante fase de diagnóstico técnico na Usina Hidrelétrica Colíder, conduzida desde a detecção de anomalias no funcionamento de alguns dos drenos do empreendimento, como já reportado. Essa etapa contou com a ampla atuação de empresas e especialistas de notório saber e reputação, nacionais e internacionais, que aplicaram metodologias diversas.
A partir das conclusões técnicas, a companhia informa que, a partir de hoje e ao longo do mês de outubro, será realizada intervenção nos drenos para preenchimento de vazios com argamassa coloidal, material sem restrição à segurança da população e do meio ambiente.
A ação tem caráter preventivo e corretivo. A usina permanece estável, em operação e seguindo padrões de segurança e monitoramento.
A Eletrobras permanece à disposição para sanar eventuais dúvidas sobre o procedimento, reforçando o compromisso de colaboração e transparência com os órgãos competentes.
Atenciosamente,
Antonio Varejao De Godoy
Vice-Presidência de Operações e Segurança.
O que está acontecendo no local?
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) investiga falhas na UHE de Colíder, no Rio Teles Pires, que incluem riscos de rompimento da barragem e graves impactos ambientais. Em virtude dessas questões, o MPMT, junto ao Ministério Público Federal (MPF), recomendou a revisão de contratos e o veto de novas usinas, além de pedir um plano de desativação da usina de Colíder devido à sua instabilidade.
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